Poupança e dieta
Existem grandes semelhanças entre fazer dieta e gerir bem as suas finanças. Com a aproximação do Verão e o maior incentivo para perder peso, talvez faça também sentido iniciar uma dieta financeira.
Se à primeira vista pode parecer um pouco estranho comparar-se o fazer dieta com gerir bem as finanças pessoais, na prática existem inúmeras semelhanças entre ambas as actividades. Intuitivamente, toda a gente sabe como perder peso, basta comer menos calorias do que aquelas que o corpo gasta. Também quase todas as pessoas sabem que para gerir bem as suas finanças é necessário gastar menos do que aquilo que se ganha. Quando se come mais do que aquilo que o corpo necessita ganha- se, inevitavelmente, peso.
Quando se gasta mais do que aquilo que se ganha também, inevitavelmente, se aumenta o endividamento. Mas apesar de ser óbvio para a maioria das pessoas o que é necessário para perder peso ou para poupar dinheiro, só uma minoria o consegue fazer com sucesso.
Isso fica bem patente nos dados disponíveis do último inquérito nacional de sáude2005/2006, em que 50,9% da população portuguesa com mais de 18 anos possui excesso de peso. E também os dados divulgados pelo Banco de Portugal mostram que a taxa de endividamento das famílias face ao seu rendimento disponível é de 129%.
A principal razão para que ambas as actividades sejam tão difíceis tem que ver com o defeito de fabrico da maioria dos seres humanos, que é a enorme dificuldade em adiar o prazer. O ser humano privilegia mais o presente do que o futuro. As pessoas têm uma enorme dificuldade em resistir à tentação, seja ela alimentar ou de consumo.
Assim, tal como as receitas para perder peso são fáceis de dar, mas extremamente difíceis de seguir, também os conselhos para gerir bem as suas finanças são fáceis de compreender mas algo difíceis de implementar.
Para perder peso basta gastar mais calorias do que aquelas que se ingerem e para isso só é necessário fazer mais exercício físico e comer moderadamente.
Para poupar dinheiro é obviamente necessário gastar menos do que aquilo que se ganha. Para isso, mais do que fazer grandes orçamentos para poupar o que sobra no fim do mês, porque nunca sobra nada, é necessário, logo que se recebe o ordenado, colocar uma parte desse dinheiro numa conta separada.
Só quando se poupa no início do mês é que se consegue evitar a tentação de gastar todo o dinheiro disponível. Só assim se consegue resistir a gastar dinheiro em coisas supérfluas. Com essa poupança é importante começar por reembolsar antecipadamente os empréstimos com as taxas mais elevadas, como por exemplo o crédito pessoal e o do cartão de crédito, que podem ser equiparados aos alimentos gordurosos.
Quando não possuir nenhum dos anteriores, poderá reembolsar os empréstimos ao consumo, automóvel e, por último, o crédito à habitação.
Sempre que reembolsar empréstimos é como se estivesse a criar massa muscular, que permite aumentar o consumo basal de calorias. Na prática, a poupança de juros decorrente dos empréstimos reembolsados antecipadamente irá aumentar o rendimento disponível e aumentar também a capacidade de poupança. Por isso, que tal este ano para além do objectivo de perder peso iniciar também uma dieta financeira?
Este artigo é da autoria de Diogo Lopes Pereira, da MoneyGPS e saiu no Diário de Notícias.
